Esparguete com atum
A comida dos revolucionarios. Alimento para o corpo e para a mente.
Friday, June 30, 2006
Wednesday, June 28, 2006
THE MASQUE OF THE RED DEATH
by Edgar Allan Poe (1842)
by Edgar Allan Poe (1842)
THE "Red Death" had long devastated the country. No pestilence had ever been so fatal, or so hideous. Blood was its Avatar and its seal --the redness and the horror of blood. There were sharp pains, and sudden dizziness, and then profuse bleeding at the pores, with dissolution. The scarlet stains upon the body and especially upon the face of the victim, were the pest ban which shut him out from the aid and from the sympathy of his fellow-men. And the whole seizure, progress and termination of the disease, were the incidents of half an hour. [mais]
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Sunday, June 25, 2006
Wednesday, June 21, 2006
Ao intervalo....
Portugal 2 - México 1
Esta equipa de Portugal està cada vez mais internacional. E poliglota também. Veja-se por ex. Luis Figo, que a cada infraccao que lhe é marcada transmite a sua discordancia ao arbitro dizendo algo como: "que te den por culo". Verdadeiramente poliglota.
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Cozinha com todos
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"Sinto que estou a fazer progressos na minha vida. Uma das áreas mais problemáticas, a da culinária, está hoje muito melhor ao que estava há um ano. Como já tive oportunidade de contar aqui, eu agora sou pessoa para, se quiser, um dia fazer um bife na frigideira. E no outro a seguir, um bife grelhado. E se me apetecer, depois, no outro a seguir, para variar, um bife na frigideira. E se a ideia é ir para a loucura total, no dia seguinte, sou pessoa para avançar para um bife grelhado. E se um dia vão pessoas lá a casa, sou pessoa para as surpreender com uma mista de bifes. Uma travessa enorme, com uns bifes grelhados e os outros na frigideira. E, se estiver inspirado, sou pessoa para fazer umas batatas fritas. No sentido de abrir uns pacotes e as despejar para taças. Eu sou um dos melhores abridores de pacotes de batatas que há em Portugal. Já têm vindo pessoas de todo o país, a minha casa, só para me ver abrir um pacote de batatas com sabor a tosta mista. É verdade, pessoal – existem batatas com sabor a tosta mista. Eu não sei quem é que teve esta ideia, mas digamos que vem deitar por terra qualquer resquício de ideia que o público tivesse de que batatas com sabor a ketchup levam mesmo ketchup, ou batatas com sabor a cebola levam mesmo cebola. Nós conseguimos visualizar batatas a serem temperadas com cebola e a ficarem com aquele sabor. Mas que processo natural pode atribuir a uma batata frita o sabor de uma tosta mista? É o mesmo que vender pipocas com sabor a arroz de mexilhão. O que é certo é que – não sei se já experimentaram batatas fritas com sabor a tostas mistas, mas aquilo sabe, de facto a pão. Torrado. Com queijo. E fiambre. Eles conseguiram sintetizar o sabor de três coisas de uma vez só e aplicá-la a uma batata frita. A partir daqui o céu é o limite... in [Hà vida em Markl]
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LUIS FILIPE CASTRO MENDES - PORTUGAL E O BRASIL : ATRIBULAÇÕES DE DUAS IDENTIDADES
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I DA INFELICIDADE DE SER IBÉRICO…
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Um preconceito histórico, persistente no nosso universo cultural desde o Século das Luzes, enfatiza o atraso e a barbárie dos desgraçados povos ibéricos, afastados pelo obscurantismo político e religioso das luzes da civilização, um degrau apenas acima dos mouros e dos cafres, culpados de não serem protestantes, norte-europeus e, consequentemente, trabalhadores, individualistas e empreendedores. Durante os séculos XVIII e XIX, Portugal e a Espanha são vistos pelo mundo civilizado (isto é, o mundo organizado conforme os interesses das potências dominantes) como qualquer coisa de intermédio entre a civilização e o exotismo, não tão estranhos que coubessem nos estudos dos orientalistas, mas suficientemente bizarros para despertarem a ironia superior dos viajantes e o fascínio erótico dos poetas e novelistas.
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Ironia da História: esta unidade de destino entre portugueses e espanhóis decorre mais da rejeição de que os dois países foram alvo por parte dos novos centros de poder mundial emergentes no limiar da modernidade, isto é, no fim da idade barroca, do que de uma real identidade de projectos históricos. No século XVI, portugueses e espanhóis, ciosos das suas soberanias e rivais na expansão marítima, sentiam-se, não obstante, partilhar uma cultura comum. Mas esta identidade cultural ibérica, bem visível em Gil Vicente ou Camões, quebrou-se no século XVII, com a tentativa filipina de unificação política sob hegemonia castelhana, que veio determinar um persistente divórcio político e cultural entre os dois países, de que só hoje começamos, felizmente, a sair.
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Eduardo Lourenço, no seu ensaio Nós e a Europa ou as Duas Razões, contrapõe à razão cartesiana, que funda a nossa modernidade, uma outra razão, ibérica, contra-reformista, barroca, de que o expoente seria Gracián, o da Agudeza e Arte de Engenho. Nessa razão barroca participaram espanhóis e portugueses, mas também o que, a partir dos espanhóis e dos portugueses, se formava do outro lado do Atlântico: não são Sor Juana Inés de la Cruz e o Padre António Vieira expressões maiores do barroco universal, como o virá a ser, num genial anacronismo, a escultura do Aleijadinho? Não foi a Ratio Studiorum dos jesuítas uma matriz fundadora da cultura no Brasil? [MAIS]
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in abrupto.blogspot.com
Tuesday, June 20, 2006
Monday, June 19, 2006
Sunday, June 18, 2006
Estou vivo e escrevo sol!
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Torre de chamas(I)
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Quando Cristina parou o carro, alguns vultos espreitaram para o interior, do outro lado da praça. Eram três homens, um deles com a cara barbeada e os olhos castanhos grandes. Os outros dois, um mais novo e o outro, muito mais velho, esperaram que o clique da porta se fizesse escutar, anunciando a saída do corpo de Cristina, para desviarem os olhos, fingindo continuar alguma conversa ou certa visão interrompida dentro de uma taberna. Só o homem dos olhos castanhos, semicerrando-os, parecia continuar a interessar-se por Cristina.A docente universitária, atrás dos elegantes óculos escuros, aproximou-se do homem que sorriu."Boa tarde!" disse-lhe Cristina.O homem rodeou-a, diante do olhar mais simulado do rapaz, do velho e de, agora, alguns outros, a atenção sobre uma música popular gritada por um transístor desfeita, e até o homem da taberna parecia questionar o porquê daquela revolução na praça."Acabaste de chegar, Cristina! Estás a ficar velha!" [Mais]
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PAULO REIS MOURÃO nasceu em São Dinis de Vila Real, Portugal. Publicou "Os Cachos e as Mãos"; Editora Âmbar; Porto; 2005; "O Senhor de Fez e Outros"; Editora Âmbar; Porto; 2002; "Mosaico" (em co-autoria); Editorial Escritor; Lisboa;. Paulo Reis Mourão (o autor deste valioso estudo) é um homem apaixonado! Pela Vida, pela Economia, pela Literatura. Licenciado em Economia pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Mestre em Economia pela Universidade do Minho (onde é Assistente) é autor de diversos artigos apresentados em Conferências Internacionais, entre as quais, as Conferências EuMed. Algumas das Publicações onde aparecem trabalhos de Reis Mourão são Regional and Sectorial Economic Studies (Espanha), Revista Portuguesa de Estudos Regionais (Portugal), Revista REDES (Brasil) e Revista Univille (Brasil). 1997.
Saturday, June 17, 2006
O V Encontro do Forum Internacional de Investigadores Portugueses (FIIP) tera lugar na Universidade do Porto, 21-23 de Setembro de 2006, subordinado ao temaBiomedicina: Investigacao, Ensino e Impacto na Sociedade
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Informacoes sobre o programa, eventos associados, inscricoes, etc., podem ser encontrados em: http://fiip2006.up.pt/
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Irene Fonseca, FIIP, PresidenteCrista Lopes, FIIP, Vogal
Friday, June 16, 2006
Bom dia...
"Não ser de nenhuma seita e de nenhum partido, de nenhum club, de nenhum grémio, de nenhum botequim e de nenhum estanco, não ter escola, nem irmandade, nem roda, nem correligionários, nem companheiros, nem mestres, nem discípulos, nem aderentes, nem sequazes, nem amigos, é possuir a liberdade, é ter por amante a rude musa aux fortes mamelles et aux durs appas, cujo beijo clandestino e ardente põe no coração a marca dos fortes, mas requeima nos beiços o riso dos desgraçados"
[Ramalho Ortigão, As Farpas, VI]
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Erik Reis
Wednesday, June 14, 2006
Estação
Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te
vou perdendo a noção desta subtileza.
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço
e o fato com que virei preocupa-me, pois chove miudinho
Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
De outras, esperei-me eu e não apareci
embora bem procurado entre os mais que passavam.
Se algum de nós vier hoje é já bastante
como comboio e como subtileza
Que dê o nome e espere. Talvez apareça
Mário Cesariny
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Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te
vou perdendo a noção desta subtileza.
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço
e o fato com que virei preocupa-me, pois chove miudinho
Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
De outras, esperei-me eu e não apareci
embora bem procurado entre os mais que passavam.
Se algum de nós vier hoje é já bastante
como comboio e como subtileza
Que dê o nome e espere. Talvez apareça
Mário Cesariny
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Fotografias de Sally Mann
Tuesday, June 13, 2006
UMA DIVERTIDA E A SEU MODO FABULOSA REPORTAGEM DA VELHINHA QUE TINHA UMA ESTUFA DE CANABIS EM CAVEZ
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No Correio da Manhã dominical a história de uma velhinha de Cavez que tinha umas “sementinhas” num saco e resolveu “estrumar as batatinhas”. Tudo assim gentil e em diminutivos. As “sementinhas” eram afinal de uma “coisa perigosa para os homens”. “Ora não quer ver isto?” perguntou a velhinha quando lhe entrou a GNR em casa. Queriam ver queriam e disseram-lhe que aquilo servia para fazer “charros”. “Charros?! Que é isso? Não sei , não senhora. Chicharros? Peixe para comer…”, disse D. Carmo do alto da sua magnífica inocência. Ainda há momentos assim. Eram era tomates a crescer, na estufa (eu por mim punha as mãos no fogo pela D. Carmo se não fosse a estufa…). Mas os vizinhos já não sabem o que é um coração puro e malévolos diziam “Então uma mulher daquelas não via que aquilo não podia ser tomates!”. Maldosos, ainda a planta não tinha frutos, vizinhos, só folhas! E assim vamos no interior profundo com a chegada das culturas para o mercado, numa agricultura de subsistência.
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Monday, June 12, 2006
Psicanálise míticado destino português
As nações, com a responsabilidade histórica da gente portuguesa, não podem imobilizar-se extati-camente, nem devem iludir-se infantilmente; têm que desentranhar sucessivamente da massa das suas tradições e aspirações um ideal coerente com a conjuntura histórica, que exprima e defina o seu estar mudável em concordância com o seu ser permanente.
......Joaquim de Carvalho, Compleição do Patriotismo Português (1953)
Casos, opiniões, natura e uso
Fazem que nos pareça esta vida
Que não há nela mais que o que parece.
.......Camões
As nações, com a responsabilidade histórica da gente portuguesa, não podem imobilizar-se extati-camente, nem devem iludir-se infantilmente; têm que desentranhar sucessivamente da massa das suas tradições e aspirações um ideal coerente com a conjuntura histórica, que exprima e defina o seu estar mudável em concordância com o seu ser permanente.
......Joaquim de Carvalho, Compleição do Patriotismo Português (1953)
Casos, opiniões, natura e uso
Fazem que nos pareça esta vida
Que não há nela mais que o que parece.
.......Camões
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Se a História, no sentido restrito de «conhecimento do historiável», é o horizonte próprio onde melhor se apercebe o que é ou não é a realidade nacional, a mais sumária autópsia da nossa historiografia revela o irrealismo prodigioso da imagem que os Portugueses se fazem de si mesmos. Não nos referimos às simples deformações de carácter subjectivo ou de natureza ideológica, não só por serem inevitáveis, como por não arrastar com elas uma fatal transfiguração no sentido desse irrealismo. O que visamos é mais largo e profundo, pois afecta na raiz a possibilidade mesma de nos compreendermos enquanto realidade histórica. Em lugar da autognose de uma realidade movente mas perfeitamente definida à qual nos referimos com o nome «Portugal», nós historiamos um ser perdido de antemão e que milagre algum de dialéctica poderá reencontrar ao fim de uma análise que começou sem ele. As «Histórias de Portugal», todas, se exceptuarmos o limitado mas radical e grandioso trabalho de Herculano, são modelos de «robinsonadas»: contam as aventuras celestes de um herói isolado num universo previamente deserto. Tudo se passa como se não tivéssemos interlocutor. (E esta famosa forma mentis reflecte-se na nossa criação literária, toda encharcada de monólogos, o que explica, ao mesmo tempo, a nossa antiga carência de fundo em matéria teatral e romanesca.) Esta situação não pode ser objecto de uma simples referência de passagem. Reflecte a estrutura de um comportamento nacional que a obra dos historiadores apenas generaliza e amplia. O que é necessário é uma autêntica psicanálise do nosso comportamento global, um exame sem complacências que nos devolva ao nosso ser profundo ou para ele nos encaminhe ao arrancar-nos as máscaras que nós confundimos com o rosto verdadeiro. [MAIS]
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Eduardo Lourenco in O Labirinto da Saudade
Saturday, June 10, 2006
Friday, June 09, 2006
Algumas proposições com pássaros e árvores
QUE O POETA REMATA COM UMA REFERÊNCIA AO CORAÇÃO
Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração
Ruy belo
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Mari Johanova
Thursday, June 08, 2006
Erwin Olaf, fotógrafo holandês, meu conhecido da saudosa revista Periférica foi recentemente considerado «Photographer of the Year (1st Place — Outstanding Achievement)», no âmbito dos International Color Awards.
Estou vivo e escrevo sol!
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[...]Até là continuamos a jogar xadrez de olhos fechados com um adversàrio invisìvel, sempre com aquela sensacao de ter esquecido algo, sempre com a mesma angùstia do enforcado que estranha o cadafalso. Mas nesse dia, o dia glorioso em que a pedra revelar finalmente as asas ocultas e o pàssaro ceder por fim o seu peso à gravidade, ah, então sim poderei dizer que valeu a pena ter vivido como um morto.[...] JMC
[...]Até là continuamos a jogar xadrez de olhos fechados com um adversàrio invisìvel, sempre com aquela sensacao de ter esquecido algo, sempre com a mesma angùstia do enforcado que estranha o cadafalso. Mas nesse dia, o dia glorioso em que a pedra revelar finalmente as asas ocultas e o pàssaro ceder por fim o seu peso à gravidade, ah, então sim poderei dizer que valeu a pena ter vivido como um morto.[...] JMC
Tuesday, June 06, 2006
Não se casem amigos...
Scientific Success: What’s Love Got to Do With It?
Baixa a produtividade...e so da chatices!
Monday, June 05, 2006
O jogador mais irritante deste mundial, que ainda nem comecou, ja està identificado e joga na seleccao mais irritante também. Parece um saco de ossos ambulante, mais desajeitado do que o Jardel (impossivel eu sei), com uma qualidade técnica semelhante à de uma ameijoa à bolhão pato, e ainda assim persiste em marcar golos. Devia ser proibido...
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Peter Crouch - (até arrepia...huuu)
Estou Vivo e Escrevo Sol...
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Nunca mais
De alma lavada há dias
em que ensandecemos de amor.
Percorremos ruelas, delírios
num vasto universo de côr.
Sei de um lugar infinito
Onde podemos enfim descansar,
Sabes? Há sítios onde o orvalho sublima
Mesmo as lágrimas deste mar.
Com o sol no peito, grito.
Com a lua no estômago, choro.
Corpo de astros que balança
Braços de rios sem foz.
E há abismos que criamos
De águas fundas, lamaçais
Onde, de tão cegos morremos,
Abraçados às ruelas percorridas
nunca mais.
JMC
Fribourg, 2006
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Nunca mais
De alma lavada há dias
em que ensandecemos de amor.
Percorremos ruelas, delírios
num vasto universo de côr.
Sei de um lugar infinito
Onde podemos enfim descansar,
Sabes? Há sítios onde o orvalho sublima
Mesmo as lágrimas deste mar.
Com o sol no peito, grito.
Com a lua no estômago, choro.
Corpo de astros que balança
Braços de rios sem foz.
E há abismos que criamos
De águas fundas, lamaçais
Onde, de tão cegos morremos,
Abraçados às ruelas percorridas
nunca mais.
JMC
Fribourg, 2006
Erik Reis
Sunday, June 04, 2006
Cartas do exílio
Um emigrante é sempre um emigrante, não se contando como atenuantes à condição as habilitações literárias do sujeito, ou as razões que o levaram a escolher o exílio. Seja forçado, seja voluntário, o exílio da pátria representa sempre um desafio. É um teste à qualidade da pessoa. Muitos nunca se conseguem integrar na nova malha social e acabam ou por regressar ou por de autodestruirem progressivamente. Independentemente do destino o emigrante traz permanentemente consigo para além da saudade, uma maneira de sentir colectiva que imana da própria saudade, e que o responsabiliza perante os seus compratriotas do seu comportamento na nova comunidade. A saudade funciona assim como um pilar de valores que o emigrante transporta desde a partida e que o torna obstinado e focado relativamente aos objectivos que o fizeram abandonar a pátria. A vantagem de pertencer a um povo com o gene da diáspora é que existe sempre um tecido social humano que está disposto a apoiar nos primeiros tempos de exílio, mas que não pode ser tomado como um apoio perene, pois as regras da concorrência e por último da inveja acabarão por tornar o auxílio castrador. Não obstante, é nesse primeiro contacto que o emigrante deposita a sua esperança e é nele que exorciza os seus fantasmas. Dependendo do carácter, o emigrante seguirá o seu caminho de maneira mais ou menos independente tentando em cada decisão manter o equilíbrio entre o que são os seus anseios e o que lhe demandam as sirenes da saudade. Mesmo partindo para um exílio com data de validade, o emigrante transporta consigo a nostalgia de poder nunca mais voltar à sua pátria, de a experiência do exílio o poder modificar de maneira irreversível. JMC
Um emigrante é sempre um emigrante, não se contando como atenuantes à condição as habilitações literárias do sujeito, ou as razões que o levaram a escolher o exílio. Seja forçado, seja voluntário, o exílio da pátria representa sempre um desafio. É um teste à qualidade da pessoa. Muitos nunca se conseguem integrar na nova malha social e acabam ou por regressar ou por de autodestruirem progressivamente. Independentemente do destino o emigrante traz permanentemente consigo para além da saudade, uma maneira de sentir colectiva que imana da própria saudade, e que o responsabiliza perante os seus compratriotas do seu comportamento na nova comunidade. A saudade funciona assim como um pilar de valores que o emigrante transporta desde a partida e que o torna obstinado e focado relativamente aos objectivos que o fizeram abandonar a pátria. A vantagem de pertencer a um povo com o gene da diáspora é que existe sempre um tecido social humano que está disposto a apoiar nos primeiros tempos de exílio, mas que não pode ser tomado como um apoio perene, pois as regras da concorrência e por último da inveja acabarão por tornar o auxílio castrador. Não obstante, é nesse primeiro contacto que o emigrante deposita a sua esperança e é nele que exorciza os seus fantasmas. Dependendo do carácter, o emigrante seguirá o seu caminho de maneira mais ou menos independente tentando em cada decisão manter o equilíbrio entre o que são os seus anseios e o que lhe demandam as sirenes da saudade. Mesmo partindo para um exílio com data de validade, o emigrante transporta consigo a nostalgia de poder nunca mais voltar à sua pátria, de a experiência do exílio o poder modificar de maneira irreversível. JMC
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