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Sunday, October 15, 2006

A MANIF
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Só hoje, pela leitura dos jornais, é que soube da manif de ontem à tarde. OK. Faz parte do jogo. Fiquei também a saber que só camionetas para trazer manifestantes a Lisboa eram 550. A uma média de 70 ocupantes cada, dá 38500 protestantes. Admitindo outro tanto de não-motorizados, temos 77 mil pessoas em marcha lenta entre o Rossio e São Bento. É um número e tanto, concedo. Bem vistas as coisas, uma coreografia feita à medida das televisões. O PCP não brinca em serviço, nem entrega a orquestração a diletantes. Mas a Lisboa que trabalha não deu por nada. Nisto de manifestações e protestos, o barómetro fiável é sempre a irritação da maioria silenciosa. Os profissionais não contam. Enquanto a fúria for estritamente sindical, Sócrates pode dormir descansado. A desobediência civil tem outras exigências. Quando Cavaco, então primeiro-ministro, teve a triste ideia de não autorizar tolerância de ponto numa célebre terça-feira de Carnaval, a maioria silenciosa irritou-se. E desobedeceu. Apesar das ameaças, quatro quintos dos funcionários públicos não foram trabalhar nesse dia (eu também não). A irritação chegou aos gabinetes de direcção, que passaram pela experiência inédita de ficar sem secretariado, juntou directores de serviço e pessoal menor (em regra timorato), gente a poucos meses da reforma e estagiários, cavaquistas e povo unido. Ficou claro que nada seria como dantes. Foi nesse dia que o cavaquismo começou a desmoronar. A rua é só cenário. O turning point é outra coisa. Mais uma manif como a de ontem e Sócrates repete, em votos, o milagre da Alameda. EP
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