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Sunday, October 29, 2006

Inferioridades
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Durante o tempo pós-licenciatura em que tive que decidir o meu futuro profissional muitas opções foram surgindo à medida que procurava. Dos botões que fui pressionando obtive várias respostas, algumas das quais eram, não o posso negar, inesperadas, como a chamada para entrevistas para o programa doutoral do Laboratório de Biologia Molecular Europeu (EMBL) e também para uma posição na prestiada Universidade de Heidelberg. O facto de ter sido o único português a ser convocado para as provas do EMBL em cerca de 500 candidatos de todo o mundo foi um facto de orgulho, mas não pude deixar de reflectir no porquê desta míngua escolha de Portugueses.
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Durante os 6 anos passados na Covilhã a concluir uma licenciatura em Bioquímica, não senti que houvesse da parte de nenhum agente da universidade um conhecimento, ou pelo menos um incentivo ao conhecimento, das inúmeras oportunidades que existem hoje em todo o mundo para uma iniciação à investigação científica. Infelizmente, este conhecimento só pode ser a consequência de um sujeito interessado, curioso e que olha com desconfiança todo o status quo do meio em que se move, neste caso a Universidade. Foi esta curiosidade que me levou a viajar para Salamanca em 2003 para aí permanecer 6 meses apoiado pelo programa Erasmus. Da frequência da faculdade de Biologia não me orgulho especialmente do expediente académico realizado, nem foi esse o objectivo principal da aventura. Antes enriquecer a minha bagagem cultural, aperfeiçoar mais uma língua, domesticar as “sirenes da saudade”, e, the last but not the least, apender que a qualidade do conhecimento tanto se encontra em Oxford, como em Salamanca como na Covilhã pois tiramos da Universidade aquilo que nela investimos. Pude nos anos seguintes aplicar esta lógica na minha formação e obter excelentes resultados. O programa Erasmus permite este abrir de horizontes, esta sensação de pertencer a uma comunidade que é Europeia, que deve ser mundial.
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Tudo isto, porque penso que a selecção de Portugueses para os programas internacionais, neste caso para o EMBL, é escassa por um único motivo que é a parca, também, afluencia de Portugueses ao concurso. A maior parte dos colegas com quem falo sobre isto, não se consideram merecedores de tais aspirações. Mesmo para os programas doutorais nacionais (Gabba, CNC e IGC) existem reticências – ou é a média, ou é a quantidade de concorrentes. No centro de tudo isto está o medo ao fracasso claro, mas sobretudo uma mitificação da carreira de investigador.
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