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Tuesday, April 11, 2006



Novelas

Era uma vez um morango que ia a passer na rua, metido com as suas inflorescências, ou lá como se chamam aquelas coisitas esverdeadas q têem os morangos nos sítios onde não são vermelhos, e ia o morango a pensar na vidinha dele, que ainda ontem estava pegado ao caule, numa vida tranquila de receber sol e chuva e o ocasional monte de estrume, a tentar passar despercebido aos passaros e às minhocas, e que hoje já ia pela rua, a rebolar nas descidas e a pedir boleia nas subidas (a bainhas de claças passantes, o mais das vezes, apesar do perigo que são as solas de sapatos que vêm de repente e esmagam morangos incautos), ia pela rua, sozinho, a pensar no que haveria de fazer com o resto da vida dele, se haveria de ir trabalhar para uma taça de chantilly ou para uma panela de fondue, ou se haveria de seguir os passos da familia e ir trabalhar para uma tarte de fruta numa montra de pastelaria...Ia portantos o nosso morango pelo seu percurso na estrada e nos pensamentos, quando se encontrou com um pacote de açucar que ia a escorregar por uma valeta, tambem metido nos seus pensamentos, mas no caso deste duma índole mais refinada, mais será que o nosso papel nesta vida é o de adoçar as existencias alheias, agradar-lhes os sentidos com o melhor que possamos dar de nós mesmos.Quando o morango viu o pacote de açucar, apaixonou-se pelas suas cores e formas e pela sua doçura de carácter e logo ali professou-lhe amor eterno. O pacote de açucar nem teve tempo de lhe responder, admirado que estava com a súbita proposta, pois de uma esquina próxima saltou um mordomo que entre gritos e lágrimas explicou que nunca um amor seria possivel entre aqueles dois, pois que eram ambos filhos dele e portanto irmãos. No entanto, quando o mordomo estava para lhes contar em como uma bela noite de bebedeira se tinha aliviado para o canteiro onde estavam o pé que era a mãe do morango e a cana que era a mãe do açucar, aparece a filha da vizinha com um punhal cravado nas costas e que num ultimo estertor confessa ter assassinado as gentis plantas que o honesto mordomo pensava serem mães dos jovens passantes, e tê-las substituido por outras plantas, gémeas das anteriores, que estavam à espera de filhos de uns vendedores ambulantes que tinham passado pelo canteiro naqueles dias...

IN http://tasqueira.blogspot.com/

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