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Sunday, April 30, 2006



Caríssimos

O vosso repórter H não dorme, pelo menos não em serviço, e cá está mais uma crónica hebdomadária, que é como quem diz semanal. Esta semana mudo-me para o novo apartamento, não sem antes ter ressarcido o Foyer de St. Justin pela minha estadia. Não é que eles tenham merecido tal consideração, mas a condição de emigrante não me permite veleidades subversivas e dirão alguns, ilegais. Hoje ainda deverei assinar o contrato e receber a chave do imóvel. Dormirei em colchão emprestado, enquanto não chega aquele que encomendei no comércio local e que será pago em prestações, vejam bem, tal foi a machadada sofrida pelo meu salário.
Na passada Sexta-Feira tive a oportunidade de assistir a um concerto de órgão na imponente Catedral de St. Nicolas. O átrio principal da igreja estava muito bem composto de público e não pude deixar de pensar no porquê desta realidade não se produzir em Portugal, mais concretamente na terrinha (porque não?) isto é, pequenos eventos culturais – verdadeiramente culturais, e não megaeventos, pseudoeventos, festas da música, exposições gastronómicas ou de ovelhas ranhosas, e peças de teatro light protagonizadas pelos já badalados actores da TV – que todos os dias acontecem em algum local da cidade e onde é sempre possível encontrar bastante gente. Aqui, todos estes eventos surgem de sinergias – palavra muito em voga no governo Socrista – entre associações de cidadãos e empresas conscenciosas e que vêm nestes projectos boas apostas publicitárias. Estará então o problema no sector privado e nos seus condutores - tacanhos, avaros, de cabeça e fundos enfiados na crise ou na nova vivenda construída em terrenos suspeitos – ou no sector público que não incentiva a mecenização da cultura portuguesa? Ou estará o búsilis da questão no público que mais prefere assistir à última fachada teatral, que tem como tema a vagina e seus desabafos, do que visitar a exposição de Fhrida Kahalo no CCB? Ou serão estas questões produtos da cabeça de alguém já com tiques de emigrante? Não creio, mas seja como for continuarei a gozar de toda a cultura que a cidade e o país têm para me oferecer.
Neste sentido alerto também os meus caros companheiros, melómanos alguns, bem o sei, para a realização do prestigiadíssimo festival de Jazz de Montreaux de 30 de Junho a 15 de Julho, cujo programa foi apresentado em Fribourg na semana passada. Montreaux não fica a mais do que 50 Km de Fribourg, e será uma oportunidade para ver quão pequeno é o nosso Rock in Rio Lisboa. O festival divide-se por 3 salas principais e irá contar, entre outros muitos, com os seguintes nomes: The Black Eyed Peas, Leela James, Massive Attack, Simply Red, Brian Adams, Ney Matogrosso, Maria Rita, Martinho da Vila, Carlinhos Brown, Gilberto Gil, Santana, Sting, Sean Paul, Deep Purple, Iggy & the Stooges, Sigur Rós, Deftones, Tracy Chapman, Gotan Project, Mogway, dEUS, The Strokes, Van Morrison, Diana Krall, Chick Corea (Mozart’s Project), Diego El Cigala...parecem muitos, mas apenas nomeei aqueles que conheço. Faz-nos pensar em como no nosso quadradinho esquizofrénico no Atlântico vivemos de costas voltadas para o resto da Europa, anunciando à boca grande, a alarvidade de Portugal ter o maior festival de música do mundo! Cansado de escrever, despeço-me até à próxima remessa que virá quando assim me aprouver.

PS: E agora vou comer um Kebap ao restaurante dos meus amigos Turcos, pois nem só de cultura vive e sobrevive um repórter.

Desabafo


Somos todos refugiados. Uns, no verdadeiro sentido da palavra sobrevivendo a guerras atrozes onde as cordenadas do que é ser “humano” aparecem invariavelmente perdidas, e outros – os refugiados da vida. Para os primeiros mais do que a dor extrema, existe a vergonha de uma sobrevivência totalmente casuística. Para os segundos existe a procura de um equilíbrio, difícil de alcançar, entre as acções e as suas consequências que por vezes são imprevisíveis, trágicas e incorrigíveis.


Muito bom...

Saturday, April 29, 2006


O entrangeiro em sua casa

Lera tanto sobre a importância que tinha para o escritor viver fora da sua pátria, que resolveu partir fosse para onde fosse. Ainda que soubesse que na outra margem o esperava uma vida cheia de pesares e noites sem dormir, uma vida de trabalhos forçados e longas esperas, a paixão por abandonar-se à sorte noutro país mantinha-se intacta. No entanto, as mil e uma tentativas foram frustradas precisamente quando saía de sua casa para apanhar o táxi, ou quando lhe telefonava alguma amiga a implorar-lhe que não o fizesse, que por favor pensasse duas vezes. Por isso, e por outras razões que não vem ao caso explicar aqui, ficou finalmente, mas jurou que doravante seria um estrangeiro mais em sua casa, e tudo o que tocasse tocaria com assombro, e tudo o que sentisse sentiria com acendrada nostalgia, porque doutra maneira sabia que não iria conseguir sobreviver nem ele nem, desde logo, esses livros que nunca escreveria.

Rogelio Guedea


And all of these moments just might find
a way into my dreams tonight
But I know that they’ll be gone
When the morning light sings or brings new things
For tomorrow night you see, that they’ll be gone too
Too many things I have to do
But if all of these dreams might find a way
Into my day to day sing
I’ll be under the impression I was somewhere in between
With only two, just me and you, not so many thing we got to do
Or places we’ve got to be, we sit beneath the mango tree now…
Yhea, it’s always better when we’re together
Mmmm, we somewhere in between together


Jack Johnson


Parabéns linda!!!


Depois da contenda

O sonho mais longo é a Vida, da qual temos de despertar para começar a nossa verdadeira existência. Enquanto não chega o momento, temos de configurar esta aparente realidade à medida das nossas exigências, de modo a que não reste ao espírito conta por cobrar, façanha por cumprir, batalha por empreender ou motivo que o faça regressar...Sempre soube que eram moínhos, querido Sancho, mas já não restam gigantes.

Marié Rojas Tamayo

Friday, April 28, 2006

Maxima do dia:
"Depois de um bom blot, vem um péssimo blot."

A Voz de Trás

A Voz de Trás-os-Montes é uma amostra do mais entusiasta e genuíno jornalismo português do século… XIX. A Voz de Trás podia ter saído da pena de Eça de Queirós. Podia estar n'Os Maias, n'A Ilustre Casa de Ramires. Está em Vila Real porque aqui ficou esquecida, mas o seu lugar — merecido! — é no Museu da Imprensa. O estilo, a verve, o director, os colaboradores são peças vivas da história das gazetas em Portugal. N'A Voz de Trás (repare-se na sinceridade do título; o sufixo "os Montes" é só para evitar más interpretações, para dar mais pitoresco ao cabeçalho) não está só a melhor e mais requintada prosa que o século XIX deu à imprensa portuguesa. N'A Voz de Trás estão os valores do século XIX, estão as mais inatacáveis ideias do século XIX, está o Portugal (continental e ultramarino) do século XIX, está, apesar da tecnologia do século XXI (Deo gratias), a mobília do século XIX. E n'A Voz de Trás, por fidelidade aos ideais, aos princípios, ao essencial em detrimento do acessório, nota-se mais a mobília do que a tecnologia. A tecnologia evita algumas gralhas na prosa, actualiza um ou outro termo, alinha com maior facilidade os parágrafos, introduz um ou outro tipo moderno nos títulos, nos leads, permite publicar as fotos de juventude dos colunistas — mas é a mobília, sólida, rude, de ancestral madeira, que mantém bem alto o facho que ilumina o coração (e a alma, valha-me Deus, que já me esquecia) das gentes transmontanas. Facho (não escolho ao acaso as palavras) que agora iluminará todo o país, graças ao Expresso e aos visionários que o fazem.
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The University of Aveiro and the Organizing Committee welcomes you to the XV National Congress of Biochemistry.

Hoje sinto-me assim
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Poeira

Investigadores mais novos contam como ''vingaram'' lá fora...

No
Ciência Hoje

Bom dia

James Gillray (1757—1815). Scientific Researches! New Discoveriesin Pneumatics! — or — an Experimental Lecture on the Power of Air.

Thursday, April 27, 2006

Sebastião Salgado

Hoje sinto-me assim:
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Foto de Scott Mutter


Escreva o seu proprio romance Lobo Antunes em apenas 10 passos

1- Inicie a escrita simultânea de cinco romances (manuscritos a letra miuda) e avance, no minimo, até às treze paginas.
2- Certifique-se de que pelo menos dois dos romances se passam em Africa.
3- Retire a primeira e a ultima palavra de cada paragrafo.
4- Recorte cuidadosamente cada pagina ao meio, obtendo assim duas folhas A5 pelo método da divisão de uma folha A4 (processo eminentemente surrealista).
5- Atire todas as folhas ao ar e recolha aleatoriamente 544 paginas (numero obtido pela soma de 44 e 500).
6- Escolha um titulo retirado de um poema, certificando-se sempre da impossibilidade de ser detectada qualquer relacao com o livro.
7- Entregue os manuscritos a uma senhora com apelido de pequena pedra, que os devera decifrar e passar a letra de forma.
8- Faca chegar o original a uma editora com nome de uma personagem de Cervantes.
9- Dê entrevistas, aguardando pela quarta questão para se zangar com o jornalista.
10- Sente-se e aguarde pelo Nobel.
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Jorge Pedro Ferreira


Estimados leitores

Imbuído de grande espírito de missão, e mantendo o nato talento observador – que não se dispensa para esta árdua tarefa – venho mais uma vez dar notícias. Bom, convenhamos que notícias, aquilo a que verdadeiramente chamamos notícias, não serão concerteza, uma vez que durante este relato nada de excepcional será descrito e não é meu propósito fazer sombra a essa brilhante conterrânea que faz grande sucesso na estação de Carnaxide e à qual aproveito para desde já remeter a mais profunda admiração.
O repórter H, nome que assumirei a partir desta nota bloguística, continua a sua pacata existência nesta cidade que dia após dia mais se entranha no seu disco rígido emocional. O quotidiano dos dias de trabalho, não deixa grande margem para novas aventuras e expedições de campo. Ainda assim, esta semana fica marcada pela confirmação da nova morada do vosso correspondente. Ontem pude visitar o apartamento novamente e conhecer o meu companheiro Olin, Engenheiro de formação, que trabalha numa empresa de Fribourg há 3 meses. Uma segunda inspecção à casa, recordou-me que o quarto, apesar de muito espaçoso, necessita ainda de recheio. A cozinha não é muito grande, mas chega e sobeja para preparar o esparguete al dente, como é vivíssima recomedação deste blog. A casa de banho é, também ela, pequena para quatro pessoas (mas julgo que não existirão tais promiscuidades, pelo menos nos primeiros meses!). Uma pequena varanda virada para um agradável parque é o cenário perfeito para um pequeno-almoço revigorante. É bom ter já a certeza de um tecto. Em princípio abandonarei o Foyer de St. Justin antes do fim-de-semana, e já não era sem tempo.

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Hoje estou intratável...hoje senti no bolso a pesada máquina fiscal suiça. Arre, que mundo é este em que não se podem ter devaneios capitalistas com um primeiro salário. Resta-me regressar com os pés à terra, lugar de onde nunca deveriam ter saído.

Wednesday, April 26, 2006

V for Vendetta
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Simplesmente fantastico.


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Sunday, April 23, 2006



Um ultimo estilho para a Champions!


A minha nova casinha...

Queridos conterrâneos.

Mais uma vez, o vosso repórter Suiço relata a sua aventura em terras helvéticas tendo sempre em mente o objectivo final: um retrato fiel da vida dos (con)cidadãos deste país, quer sejam eles nacionais, estrangeiros ou, dentro destes últimos, emigrantes lusos.
Percorrendo as inúmeras avenidas, ruas e ruelas desta cidade à beira Sarine plantada, é fácil perceber que se trata de um país (generalizando a partir da cidade) bastante evoluído, em que tudo é planeado de maneira a que a vida dos seus cidadãos seja o mais facilitada quanto possível. Existem vias para os transportes não motorizados (vulgo bicicletas, patins, skates, trotinetes) de maneira que os cidadãos podem gozar – e gozam efectivamente – de meios de transporte saudáveis, e ambientalmente mais eficientes; regra geral os condutores dos dos veículos motorizados são conscienciosos e chegam ao cúmulo, vejam bem, de parar para deixar os peões atravessarem as estradas pelas inúmeras passadeiras – como são diferentes os condutores Portugueses!; o sistema de transportes públicos é altamente eficiente, trabalha ao minuto, e estende a sua acção por toda a cidade; quanto à organização estamos falados...
O clima é bastante variável. Ora chove, ora faz sol, ora neva. Está contudo, a análise do vosso repórter, limitada à curta estadia no país dos cantões. Nos últimos dias tenho verificado temperaturas altas e dias de um sol esplêndido.
O povo Suico na generalidade veste segundo as tendências, mas basta que apareçam os primeiros raios de sol, para o Suiço tirar as suas calças brancas do armário, as havaianas e a T-shirt justa a deixar entrever a inércia de um longo Inverno. O jovem Suiço traja tal e qual nos é dado a ver em terras Lusas durante os meses de Verão. A cor branca é bastante apreciada e o fio de oiro ainda é moda.
Não é dificil ao andar pelas ruas, no autocarro ou nas superfícies comerciais, ouvir o Português brejeiro, que tantas saudades causa neste vosso fiel repórter. São tamanhas as saudades que hoje, me desloquei a uma casa onde os descendentes de Viriato normalmente se reúnem para um saudável convívio ou para comer uma francesinha. A enorme bandeira de Portugal na entrada do estabelecimento não deixava lugar a equívocos; tratava-se concerteza de um pedaço de terras camonianas. Caso restassem dúvidas o atendimento foi esclarecedor: - “O que vai ser?”. Pôde então o vosso correspondente mudar o disco e pedir um café, que aqui é mais barato do que na generalidade dos bares – apenas 2,2 CHF (1,5 E). Na TV jogava o FCP o decisivo jogo do título e todos os olhares estavam no aparelho. Deixei-me ficar, escutando as conversas e vendo o desafio. De modo a testar o patriotismo do estabelecimento pedi uma cerveja. Não hesitei e mandei vir uma Super Bock (2,3 CHF). Era como regressar por momentos a um “Bar da Bola”, a um “17”, a uma “Toninha”, enfim, como retornar às saudosas origens. Mas tudo o que é bom termina, e assim decidi que era tempo de abalar. Quando abandonei o estabelecimento foi como viajar novamente, em segundos, a uma outra realidade que não era nem melhor nem pior, apenas diferente. Recolhi-me então à residência, onde agora escrevo este humilde relato.
Apesar da aptência noctívaga do vosso correspondente, este não teve, ainda, a oportunidade de a cumprir. Não é fácil conhecer pessoas na residência uma vez que o trabalho é longo e não existem oportunidades de convívio. Ainda assim, foi já possível visitar um pequeno bar, a escassos metros da minha habitação, onde bebi um caneco em honra dos estimados amigos. O cenário está contudo prestes a mudar, pois visitei na semana passada aquele que, julgo, virá a ser a minha moradia para os próximos meses. A renda não é parca, mas superável pelas excelentes condições do imóvel situado num bairro da alta, bem como pela simpatia dos meus futuros companheiros. Serão duas estudantes de Direito e um engenheiro. Terei ainda de comprar mobília para o quarto, mas já tenho algumas aquisições em vista. Na próxima semana desenrolar-se-ão acções decisivas – tal como o primeiro cheque a cair na conta Suiça – que depois o vosso reportér relatará. Há já muitos planos para o primeiro ordenado, mas acho que serão contidos, pois são grandes as despesas deste vosso amigo.

Sem mais a informar, despeço-me com amizade.

Celebrar o instante é consagrar a unidade na diferença e a sua virgindade inicial como a possibilidade da contínua renovação do ser.”

António Ramos Rosa in “O aprendiz secreto

Friday, April 21, 2006

Por onde andaste?
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Les escaliers du Court-chemin.
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Andei por aqui. Por este sossego. Ora caminhando pelo passadiço, de livro ao colo, ora sentado naquele banco virado para o rio, lendo. E a cada voltar de página um novo olhar sobre o horizonte que ao livro parecia disputar minha atenção. Incapaz de optar, entreguei-me aos dois. E passei a "ler" tudo à minha volta. Foi aí que a paisagem se fez texto.

Thursday, April 20, 2006

GATO FEDORENTO - ATUM

Programa de TV sobre o ATUM

Atum, um simples peixe ou algo mais do que isso? Não, é mesmo só um peixe.Temos hoje connosco o senhor Manuel Moreira, o maior especialista português vivo em atum.

Boa noite senhor Manuel Moreira...Boa noite.... fale-nos um pouco do atum.

Ora bem, eu pesco ATUM.

Faço colecção de ATUM.

Sou um apaixonado por ATUM.

Sou naturalmente contra qualquer lei que impeça o matrimónio entre o homem e o seu ATUM. É uma vergonha viver num país em que isso acontece.

Claro. Para as pessoas perceberem lá em casa, qual é o aspecto de um atum?

Ora ainda bem que faz essa pergunta, porque eu trago justamente hoje aqui comigo um atum. Anda cá, anda cá Ramirez, anda aqui ao senhor. (Aparece, então, no écran um cão a quem o senhor Moreira faz festas!? O entrevistador faz, obviamente uma cara de espanto)Um atum, pesquei-o hoje. Um ATUM, de 37 quilos.

Portanto, isto é um atum?Isto é um ATUM.Não parece nada um atum...

Não parece, pois não, parece um bacalhau, só que o bacalhau é maior e relincha.O Ramirez...

Sabe, eu acho que isto não é um atum...

Não é um ATUM?

Estou convencido que isto...

Vem-me agora um menino da cidade ensinar-me a mim sobre o que é que é um ATUM, a mim que ando há 40 anos na FAINA!

Desculpe, há 40 anos na faina não anda, porque claramente o senhor não tem mais de 27.

Há 27 anos na FAINA!

Não anda há 27 anos na faina, não nasceu e foi para a faina. Isso é impossível.

Há 22 anos na FAINA!

Não anda há 22 anos na faina. Foi com 5 anos para a faina?...

Há 12 anos na FAINA!

Não vai... Aos 15 anos ninguém anda na faina, desculpe.

Duas semanas e meia na FAINA!

Ok, duas semanas e meia tudo bem, mas isto não é um atum.

Desculpe lá, isto é um ATUM.

Se isto é um atum, como é que respira fora de água?

Aí 'tá, não respira. Exactamente! Não vê que o bicho até se está a sentir mal... 'tá aqui que parece um cão.

Foi o programa de hoje sobre o atum. Amanhã não perca mais um Gato Fedorento, desta feita subordinado ao tema 'a girafa'.A girafa? Vão para a neve?Boa noite.Na neve não há ATUM!

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Radiohead na Suica

Radiohead sold out

Saturday, March 25th developed sheer surrealistically !!! This day will forever own its very special place in the history book of the Festival Rock Oz’Arènes.Thousands of fans of the british band waited for hours in front of the ticket selling points in order to get one of the precious tickets for this show.When presales finally started at 10 am, over 100'000 internet-users overloaded the webservers and the countless people that waited in line feared to have held out for nothing.

Radiohead could easily play stadium-shows, but the band is looking for closeness to the fans and therefore prefers to play smaller venues. In the past, the roman cities of Arles and Nîmes already had the privilege to welcome Radiohead. Now this honour goes to Avenches.This concert will be one of the finest moments of the 15th edition of the Festival.The whole team of Rock Oz’Arènes would like to thank all the persons that waited so patiently to get a ticket.
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Ja não ha bilhetes...porquê meu Deus, porquê...
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Wednesday, April 19, 2006


"Among his most recognizable work is Le baiser de l'hôtel de ville ("Kiss by the Hotel de Ville"), a photo of a couple kissing in the busy streets of Paris, which has come to represent the French manner of living, accurately or not, to many parts of the world. The original print of this iconic image was sold for 155,000 Euros by Françoise Bornet, the woman in the photograph, at an auction in April 2005. Bornet and her then boyfriend Jacques Carteaud posed for the seemingly spontaneous photo in 1950." WEBCONTENT
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A melhor foto se amor de sempre? Acho que sim.


Para os intelectuais desprevenidos: e se alguém lhe perguntar porque é que gosta de futebol, mostre-lhe o jogo FCBarcelona 1 - ACMilan 0.
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Parabéns Fatima. Por alguma razão que me transcende tens sempre o E-mail cheio de tralha! Que tenhas um bom dia de aniversario...







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O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha

A um jogador melhor.

Ricardo Reis, 1-6-1916

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O Sion FC ganhou esta semana a Taca da Suiça. Este é o clube de João Manuel Pinto. O Esparguete Com Atum felicita o defesa Português.




Radiohead is ready to take the show back on the road.

http://www.eonline.com/News/Items/0,1,18617,00.html?fdnews

Tuesday, April 18, 2006

Monday, April 17, 2006

A ler: "Páscoa" de Eduardo Pitta no Da Literatura



Apesar da derrota, os jogadores do Benfica foram herois em Nou Camp.

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É certamente um fenómeno estranho que todos os artistas, poetas, músicos, pintores sejam desafortunados nas coisas materiais – mesmo os felizes. Guy de Maupassante é uma recente prova disso. O que nos traz à questão eterna: é toda a vida visivel para nós, ou não será, pelo contrário, este lado da morte que vemos apenas un dos hemisférios?
Pintores – para não falar de outros – mortos e enterrados, falam para a geração seguinte ou para as várias gerações seguintes através do seu trabalho. É tudo, ou há algo mais para além disto? Na vida de um pintor, a sua morte não é, talvez, a coisa mais difícil.
Pela minha parte, declaro que não sei nada de nada sobre isto; mas olhar para as estrelas sempre me faz sonhar (tão simplesmente como sonho) sobre os pontos negros de um mapa representando cidades e vilas. Porquê, pergunto a mim mesmo, não poderão os pontos brilhantes do firmamento estar tão acessíveis como os pontos pretos no mapa de França? Se apanhamos o comboio para chegar a Tarascon ou Rouen, apanhamos a morte para alcançar uma estrela. Uma coisa indubitavelmente verdadeira neste raciocínio é esta: que enquanto estamos vivos não conseguimos chegar a uma estrela, do mesmo modo de que quando estamos mortos não podemos apanhar um comboio. Parece-me possível que a cólera, “gravel”, “phthisis”, e o cancro sejam os meios celestiais de locomoção, tal como os barcos a vapor, os autocarros, e as linhas-férreas são os meios terrestres. Morrer pacificamente de velhice seria fazer essa viagem a pé.
Cada vez mais sinto que não devemos julgar Deus tendo como base este mundo; é um estudo que não resultou. O que podemos fazer, num estudo que correu mal, se simpatizamos com o artista? Não se encontra muito que criticar; travamos a língua. Mas temos o direito de pedir algo melhor. Apenas um mestre consegue fazer tal confusão, e é talvez este o melhor consolo que podemos tirar, uma vez que temos o direito de esperar ver a mesma mão da criação vingar-se de si própria. E esta nossa vida, tão criticada, e por razões tão boas e mesmo exaltadas – não a devemos tomar por nada mas pelo que ela realmente é, e manter a esperança que numa outra vida veremos uma coisa melhor que isto.Agora vou para a cama, porque é tarde, e desejo-lhe boa noite e boa sorte.
Van Gogh
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(A responsabilidade pela traducao é minha)

No blogue Poesia&Lda. continua a polémica sobre a fronteira entre o que é poesia e o que não passa de um mero exercício provocatório.

Como exemplos aparecem os poemas "Quatro mensagens deixadas no telemóvel" que Jorge Miranda publicou em "A Hora Perdida" (Campo das Letras 2003), e "Martha" poema da autoria de Manuel de Freitas incluído em " O Coração de Sábado à Noite" (Assírio & Alvim, 2004).

Se para alguns estes poemas marcam um antes e um depois na poesia Portuguesa moderna, rasgando toda e qualquer convenção e permanecendo a partir daqui como "poemas-exemplo", para outros são apenas desvarios de poetas que não podem ser reconhecidos como verdadeiros "poemas".


Quatro mensagens deixadas no telemóvel

"Dr __________
Muito bom dia, é com alegria que o informo que,
num sorteio realizado esta manhã, foi o feliz
contemplado com um serviço de jantar
de 32 peças.
Só terá de ter a maçada de o vir buscar esta noite
pelas 20 horas ao Hotel Ipanema."

#
"Porra, J_________,
tens sempre o telemóvel desligado
quando preciso de ti.
Fiz asneira outra vez e a __________
saiu de casa com os miúdos.
Vê se me telefonas ainda hoje."

#
"Olá, sou eu (silêncio)
Quero dizer (silêncio)
Tudo o que quero dizer, (silêncio)
Não sei (silêncio)
Tudo o que quero dizer levaria
mais tempo do que aquele que tenho
aqui.
Mas há coisas que não queremos ouvir
(silêncio)."

#
"Fala do Laboratório de Análises Clínicas,
Tenho aqui nas mãos o envelope
com o resultado das análises.
Quer que o envie por correio ou passará por cá para buscá-las?
Informe-me da sua decisão."


Jorge Miranda



Martha

Perdi o teu número.

Manuel Freitas


Para mim é poesia! Hiper-realista sem dúvida, com laivos de pretenciosismo admito, mas que raio...não fosse este pretenciosimo e estaríamos hoje ainda a escrever segundo a (não obstante nobre) tradição do vilancete, com mote e glosa.

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Extraviados

Estivemos sempre aqui
Nunca houve outro tempo nem outro espaço
Uma manhã o ar
estava como que virgem, intocado
pela mão do deus, e compreendemos:
nunca chegámos, nunca partiremos

Uma roda perfeita, se isto fosse uma roda.
Uma prisão perfeita, se fosse um prisão.

E porque iriam as coisas ser de outro modo?
Eles olham-nos mas não nos vêem.
Dir-se-ia que esperam algo que vai acontecer.
Nunca aconteceu nada
e nada vai acontecer. Permanecemos.

Tem de haver então um milagre em tudo isto.
Ou então deixamo-nos de milagres.

Aflição, não nos deixes
Agora que sabemos o que somos.
Aflição: a nossa última certeza
quando já não nos restam mais certezas

José Luis Piqueiro


Quando escolhi esta pintura de Paul Klee (Ancient Sound, 1925 Oil on cardboard15 x 15 in.Kunstsammlung, Basel) - uma escolha completamente aleatória tendo apenas por base o meu gosto pessoal - para ilustrar a primeira página do meu relatório de estágio em 2005, estava longe de imaginar que Paul Klee fosse um notabilíssimo cidadão Suiço. O que é certo é que 6 meses depois vivo e estudo na Suiça sem que nada antes o fizesse prever. Funcionaria, então, esta escolha, como uma espécie de premonição? Quando olho para trás sinto que tudo o que foi acontecendo me encaminhou para onde estou hoje. Alguém ou algo me foi dando pistas, é certo. Primeiro uma informação num sítio de internet. Depois, um longo período de contactos, vastíssimos, e com pouca receptividade. E depois uma proposta de doutoramentoquando era a última coisa que eu procurava. Gostava de pensar que houve uma intervenção de Paul Klee em todo este processo.

Que afinal o controlo que temos sobre a nossa vida é nulo, e que mais vale relaxar e aproveitar a viagem....
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Tuesday, April 11, 2006



Voz numa pedra

Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi Osíris porém chamava-se ele nessa altura Luiz
decerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava João
nenhuma nenhuma palavra está completa

nem mesmo em alemão que as tem tão grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento

Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos
Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais ritmará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores de morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
A tortura dos olhos vai acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se
não construirão ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal

Jorge de Sena

Cà està a cidade onde irei trabalhar, viver, estudar nos proximos 3 anos.

Imponente, eu sei







Novelas

Era uma vez um morango que ia a passer na rua, metido com as suas inflorescências, ou lá como se chamam aquelas coisitas esverdeadas q têem os morangos nos sítios onde não são vermelhos, e ia o morango a pensar na vidinha dele, que ainda ontem estava pegado ao caule, numa vida tranquila de receber sol e chuva e o ocasional monte de estrume, a tentar passar despercebido aos passaros e às minhocas, e que hoje já ia pela rua, a rebolar nas descidas e a pedir boleia nas subidas (a bainhas de claças passantes, o mais das vezes, apesar do perigo que são as solas de sapatos que vêm de repente e esmagam morangos incautos), ia pela rua, sozinho, a pensar no que haveria de fazer com o resto da vida dele, se haveria de ir trabalhar para uma taça de chantilly ou para uma panela de fondue, ou se haveria de seguir os passos da familia e ir trabalhar para uma tarte de fruta numa montra de pastelaria...Ia portantos o nosso morango pelo seu percurso na estrada e nos pensamentos, quando se encontrou com um pacote de açucar que ia a escorregar por uma valeta, tambem metido nos seus pensamentos, mas no caso deste duma índole mais refinada, mais será que o nosso papel nesta vida é o de adoçar as existencias alheias, agradar-lhes os sentidos com o melhor que possamos dar de nós mesmos.Quando o morango viu o pacote de açucar, apaixonou-se pelas suas cores e formas e pela sua doçura de carácter e logo ali professou-lhe amor eterno. O pacote de açucar nem teve tempo de lhe responder, admirado que estava com a súbita proposta, pois de uma esquina próxima saltou um mordomo que entre gritos e lágrimas explicou que nunca um amor seria possivel entre aqueles dois, pois que eram ambos filhos dele e portanto irmãos. No entanto, quando o mordomo estava para lhes contar em como uma bela noite de bebedeira se tinha aliviado para o canteiro onde estavam o pé que era a mãe do morango e a cana que era a mãe do açucar, aparece a filha da vizinha com um punhal cravado nas costas e que num ultimo estertor confessa ter assassinado as gentis plantas que o honesto mordomo pensava serem mães dos jovens passantes, e tê-las substituido por outras plantas, gémeas das anteriores, que estavam à espera de filhos de uns vendedores ambulantes que tinham passado pelo canteiro naqueles dias...

IN http://tasqueira.blogspot.com/